Gazeta Neocívica de Geniov

18.9.10

Carta de Gino Hadesmirk

Esta não é uma publicação oficial da Gazeta Neocívica de Geniov. É apenas uma correspondência comum que foi encontrada ou interceptada por algum aventureiro inxirido.

De: Gino Hadesmirk
Para: (destinatário desconhecido)

Olá amigo,

Há muito tempo não nos correspondemos. Ando ocupado com alguns projetos pessoais, acredito que você também. Estou desenvolvendo uma técnica que possivelmente me permitirá mesclar pequenos segmentos de planos diferentes para criar bolsas interplanares com características variáveis. Ainda são pequenos experimentos, e não sei ao certo que uso poderei fazer disso, mas imagino que seja uma técnica promissora.

Mas não é para isso que eu escrevi. Lembra que você me pediu para que te mantenha atualizado sobre como as coisas andam em Geniov?

Se completam 5 anos desde que Geniov foi quase destruída pelos monstrinhos do Culto de Alara. É engraçado como o curso da história de Geniov muda em saltos a partir de grandes eventos, que parecem ser quase periódicos. Esse talvez tenha sido um dos mais importantes.

Ainda não sei ao certo o que aconteceu na época, o que realmente acabou com as criaturas que devastaram Geniov. Há teorias, mas nenhuma delas muito plausível. Alguns dizem que quem livrou Geniov dos monstrinhos foi Demiurgo, que ainda existe enquanto divindade. Outros dizem que um dos novos membros do Conselho de Veniza usou algum tipo de feitiço épico que extinguiu as criaturas. Líderes de algumas facções de Veniza, como a Fraternidade da Vida e da Morte e a Ordem de Lennar clamam autoria pelo feito. Há quem diga mesmo que quem exterminou as criaturas foi a própria Geniov, como organismo vivo. Para mim, como você já sabe, a hipótese mais plausível é que tudo tenha sido armado por Letho desde o princípio em uma forma de reeditar seu plano de conquista de Veniza através da demanda de uma super-egrégora. Mas Letho está morto (a menos que ele tenha se disfarçado novamente como um novo membro do Conselho), então também não é uma hipótese muito razoável.

Enfim, muita coisa mudou desde então. Apesar do tremendo baque inicial, Veniza cresceu bastante, e está mais forte e viva do que jamais esteve. Muito sensatamente, o Conselho decidiu que não deve haver mais um único regente governando toda a Veniza, e agora todas as decisões estão descentralizadas e nas mãos do Conselho. Várias criaturas poderosas e influentes de outras partes do universo chegaram em Veniza prestando auxílio na sua reconstituição, em troca de uma posição como membro do Conselho, que hoje é composto de 12 pessoas. Parece muito, mas tem funcionado. Além disso, esses novos membros têm trazido certo sangue novo ao mundo, que estava, na minha opinião, um pouco estagnado culturalmente. As conversas sobre a separação das bancadas como nações independentes estão cada vez mais comuns, mas creio que não vá se concretizar tão cedo.

As egrégoras ainda existem, mas todos temem pelo risco de uma egrégora centralizada e super-poderosa, então não existe mais nada parecido. Egrégoras se tornaram apenas brinquedinhos ou símbolos de pequenos grupos arcanos ou religiosos. Talvez seja melhor assim. Por outro lado, estamos mais distantes da resposta à pergunta de se egrégoras podem se tornar Deuses legítimos após atingido certo nível de poder.

O térreo de Geniov não teve o mesmo destino feliz. Com exceção de Illidan e Bion, todos os outros povos estão irreconhecivelmente destruídos. Illidan tem um governo forte, e se recuperou muito rapidamente... creio que em parte graças à sua ajuda. Muita gente foi para lá, tanto de Veniza quanto de outros mundos. Continua sendo uma nação forte. Concordo que tenha sido melhor que o setor dos mortos-vivos tenha sido eliminado. Até porque não precisamos de mais mortos-vivos em Geniov, não é mesmo? Ah, Ferrina está bem também.

Quanto ao resto... é triste. Timote está devastada. O que resta de Leey são ruínas sombrias. Até Avênia, que eu esperava ser capaz de resistir melhor, está em ruínas. Seifer continua de pé, mas sem vida. Tudo que habita essas cidades são memórias e fantasmas. Mortos-vivos. Muitos. Geniov está se tornando um paraíso necromântico. Felizmente, em parte graças às ações da Fraternidade da Vida e da Morte, alguns poucos vivos corajosos conseguem conviver em harmonia com fantasmas e zumbis nesses locais, e também há pequenos povoados que estão surgindo esparsamente ao longo do território, mas nada nem perto do que poderíamos chamar de algo que constitua uma civilização.

É claro que há uma ou mais cabeças por trás de tudo isso... mas quem se importa? Se está tudo bem em Veniza, está tudo bem, não é mesmo? Os mortos-vivos geralmente não apresentam nenhuma ameaça e ficam no seu canto, mas recentemente tenho ouvido falar de alguns ataques isolados de pequenos grupos de mortos-vivos em Veniza. O mais curioso é a composição desses grupos: são em sua maioria zumbis ou semelhantes, sempre muito bem vestidos e elegantes, alguns capazes de utilizar de magia sofisticada, e atacam de forma bem organizada. Parecem estar sob o comando de alguém que se intitula o "Imperador". Fazem 5 anos. Está na época. Algo ruim está por vir.